As vendas do comércio varejista ficaram praticamente estáveis em fevereiro em Minas Gerais, avançando 0,1%. O resultado consolida a tendência positiva do setor observada nos últimos seis meses – com 5 taxas positivas para 1 negativa – e o aproxima do melhor patamar da série histórica, atrás somente do desempenho registrado em maio do ano passado.
Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No primeiro bimestre, o Estado apresentou alta acumulada de 3,2%, superando os 2,3% registrados no País, enquanto no recorte anual, o crescimento foi inferior à média nacional: 2,05% contra 2,3%, indicando períodos de oscilação, apesar da estabilidade com viés positivo.
O analista do IBGE responsável pela pesquisa em Minas Gerais, Daniel Dutra, destaca que o período é marcado pela recuperação de alguns setores frente ao desafio de outros, que seguem pressionados por fatores econômicos, como a elevada inflação. “O setor está bem perto de alcançar o topo da série histórica, iniciada em janeiro de 2000. Com mais um resultado positivo, provavelmente esse número será alcançado”, pontua.
Sete das oito atividades analisadas avançaram na comparação com fevereiro de 2024. O destaque vai para Móveis e eletrodomésticos (10,8%) e Tecidos, vestuário e calçados (8,7%).
Segundo o analista, ambos os setores ainda se encontram em recuperação após uma sequência negativa extensa desde a pandemia. “Por serem produtos de pouca urgência e maior valor agregado, as pessoas postergaram algumas compras e tudo indica que agora estão retomando, especialmente com os bons indicadores de renda e empregabilidade”, acrescenta.
No varejo ampliado, a atividade de veículos, motocicletas, partes e peças apresentou, mais uma vez, o incremento mais expressivo do varejo nacional (18,5%). O resultado reflete a consolidação do comércio de veículos em Minas Gerais, que ampliou 13,8% no primeiro trimestre deste ano, impulsionado pela demanda de automóveis e comerciais leves.
INFLAÇÃO DOS ALIMENTOS IMPEDE CRESCIMENTO MAIS EXPRESSIVO
Por outro lado, a inflação dos alimentos impacta o setor de supermercados e hipermercados, impedindo um maior crescimento geral do varejo mineiro. A categoria, que permaneceu em estabilidade em fevereiro, segue enfrentando altos e baixos e possui o peso de cerca de 50% no indicador total.
“A inflação de alimentos pode estar pesando na decisão de compra da população nos supermercados, o que impacta consideravelmente no desempenho desse setor”, explica Dutra.
Outras duas categorias encerraram o período em patamares negativos, com destaque para equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, com queda de 21,8%. O segmento, que encerrou dezembro em patamares positivos (5,3%), agora enfrenta a segunda retração seguida e mais acentuada que a registrada em janeiro (-15,7%).
No varejo ampliado, o atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, recuou 13,9%. Esta foi a terceira queda consecutiva da categoria, embora menos acentuada que as registradas em dezembro de 2024 (-19%) e janeiro de 2025 (-15,5%).
Fonte: Diário do Comércio